no silencio das linguas cansadas

20050228

queda livre. vento e frio. geronimo.

pedi te que nao me deixasses cair. que nao me largasses a mao. no meio do mundo. e me deixasses sozinha. perdida. no meio de tudo. pedi te mais do que eras capaz de dar. queria que fosses alguem. que imaginei. que pensei que eras tu.

os sonhos nunca sao iguais a dois. e nao quero sonhar sozinha. mas o medo invade as sensacoes. e paralisam os olhos.

20050225

de tempos a tempos tambem penso

as vezes nao sei porque insisto. porque finjo que nada mudou. e tento manter o que achei que tinhamos. as vezes nao sei bem o que temos. no que se transformou esta amizade. incomodativa. necessaria. confusa. atrofiante. linda. que adoro. as vezes acho que era mais facil desistir. e deixar de tentar a readpatacao. que as mudancas sao demasiadas. para tentar voltar a encaixar tudo outra vez. e voltar mos a confusao que eramos. as vezes acho que o final chegou. porque eu escolhi. e sai. de livre vontade. acho que foi esse o inico. do fim. ou de um novo comeco. as vezes nao sei se alguma vez. durante todo este tempo. fomos sinceras. ou se foi so a curiosidade. de conhecer. e de ser. que nos manteve. e se e agora que o medo saiu da nossa frente. fica tudo mais claro. as vezes acho que e desta. e que nao e roupa. a forma de pensar. a cidade onde moramos. os mundos. a parte. onde cada uma vive. que nos define. que nos separa. que e tudo isto que nos vai juntando. aos poucos. vamos adaptando. as diferencas. que encontramos. e abrimos. devagar. os olhos. e a alma. as vezes tenho medo. de olhar para tras. e ver que foi tudo em vao. e que nada perdura. e que ja nao somos nada. as vezes gostava de ser como tu. capaz de dizer o que me vem a cabeca. e nao ligar ao que os outros dizem. e nao querer saber da opiniao dos outros. e apesar de tudo. estar no meio dessa felicidade toda. irradiante. as vezes acho que so mudamos. desde que nos conhecemos. e que toda. qualquer. mudanca e boa. as vezes acho que sao essas mudancas que nos vao afastar. quando tudo ficar de pernas para o ar. e o sentido mudar as coisas do ar. as vezes acho que somos. todas. malucas. e as vezes nao quero saber. nem achar. coisa nenhuma. e ficar sentada. a ver tudo passar.

20050222

passos divergentes

se te acordar. com sussurros. ao ouvido. enquanto abres os olhos. devagar. se te deixar dormir. toda a noite. o que precisas de dormir. se te amar. e deixar ir sozinho. pelos caminhos que queres percorrer. e deixaste de reconhecer. se te prender a mim. contra a tua vontade. como me pediste para fazer. se te virar as costas. enquanto chamas por mim. e bater com a porta. e descer as escadas a correr. a fugir de ti. se fizer o que me apetece. e se me esquecer de ti. e gritar. e espernear. e se nada do que dissemos um ao outro for verdade. se tiver inventado uma historia so para ti. e se o passado que agarraste como meu. for na realidade. apenas aquele que estavas disposto a aceitar. se um dia for tudo demasiado. e deixar de fazer sentido. e na rua ja nao reconehcer os teus passos. se um dia deixar de ser. achas que sera mais facil assim?

20050220

salto no escuro

"Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,

e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,

quando azuis irrompem
os teus olhos

e procuram

nos meus navegação segura,

é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,

pelo silêncio fascinadas."

eugenio de andrade, o silencio

choro

Vai minha tristeza e diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece que ela regresse, porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade, a realidade é que sem ela não há paz
Não há beleza, é só tristeza e a melancolia que não sai de mim, Não sai de mim, não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar, que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar, Do que os beijinhos que eu darei na sua bo- ca
Dentro dos meus braços os abraços hão de ser milhões de abraços
Aper- tado assim, colado assim, calado assim, Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é prá acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim

Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim

Antonio Carlos Jobim - Vinícius de Moraes

luvas de enfermagem

a necessidade do beijo. do tocar. do abraco. de ficar entrelacados. sem perceber porque. onde comeca um. e acaba o outro. de querer alguem. de amar. e de me sentir amada. mesmo que por pequenos momentos. mesmo que a fingir. nao percebo os nossos silencios. e quando falamos de mil coisas. em poucos segundos. as palavras subentendidas num cafe. quando olhas. e parece que ves mais do que sou. e quando me desiludes. e me fazes sentir mal. por te imaginar diferente. as saudades que nunca consigo matar. deixa me fugir. e cortar o fio que nos liga. afastar as nossas peles. os nossos corpos. deixa me nunca mais te tocar. e deixar morrer o que nos liga.

20050219

o grande amor

"De amor devíamos falar em surdina; é o mais frágil dos materiais humanos. Um grito e muda-se em instalação de cacos, uma inclinação do olhar e perde-se na máquina da multidão. Distrai-se o amante e transforma-se em simples coisa amada, acariciada, gasta como a concha que se guarda e esquece, empurrada pelo mar para o fundo do armário. Tropeçamos nele quando já nem nos lembrávamos da gaveta onde o havíamos escondido até à memória do olvido derradeiro - em que praia encontrámos esta concha? De que cor era quando nos atraiu, no seu brilho intermitente, alagado de sol? Tocamos-lhe, anos depois, e a rocha vermelha de que é feito esse bicho hibernante a que chamamos coração começa a mover-se de novo, esquecendo a decisão antiga que o acalmara em mineral. O coração que acorda não recorda a dor que o adormeceu; esqueceu tudo menos o tormento voluptuoso desse tempo de entrega que não passou. Ruíram as pontes, esboroaram-se as moradas, mas o tempo não passou - o tempo desse processo revolucionário em curso, a sépia e sangue, que só depois reconhecemos como filme da nossa vida."

ines pedrosa

20050216

murmurio debaixo de agua

os espiritos apagam as velas. em pequenos gestos. com medo de acordar o escuro. e e de ouvir as palavras. escondidas num sorriso. no olhar de tristeza.

20050214

planta dos pes em chines

as vezes incomoda me a constante necessidade humana. o vicio de estar com uma pessoa. uma determinada pessoa. sentirmo nos perdidos. sem ela. a necessidade que temos de nos associar a alguem. diferente. um grupo. com quem nos identificamos. que nos permite sermos nos proprios. o vicio que isso provoca no corpo. na propria maneira de ser. de qualquer um. incomoda me a imagem que sinto ver nos olhos dos outos. de estranhos. o reflexo de mim propria. uma forma diferente de me ver. de me interpretar. nao conseguir ler os seus rostos. olhos. sorrisos. e meias palavras. a sensacao de impotencia. perante a mentalidade de cada outro. nao saber como reagir. o que dizer. agradar. desagradar. ficar na minha. passar por antipatica. incomoda me a falta que certas pessoas me fazem. sentir me assim. dependente. em desintoxicacao. saber que isso nunca vai acabar. que havera sempre pessoas a chegar. e a partir. e saber que vao ser sempre as importantes. aquelas de quem a falta. so se sente no corpo. que parece que estao ali ao lado. ao esticar de uma mao. ao alcance de um sorriso. e que so quando o sorriso se vira para o vazio. e que a verdade salta aos olhos. e magoa mais. incomoda me a marca que deixo nos outros. nao saber como e. nao a conseguir ver. nao conseguir mostrar a marca. dos outros. nao a ter como constante. sempre em mutacao. incomoda me. faz me comichao nas costas. na palma da mao. ser assim.

20050212

lembrar faz mal a saude.

20050210

um cobertor pintado de estrelas

no que tenho pensado. que tenho de ser.
. mais organizada
. mais paciente
. menos stressada. nervosa
. menos sonhadora. mais realista. com os pes na terra

20050209

nave espacial com tres aneis

I remember when you came
I can just recall that day
Unexpected, undetected
If I'd have known I still would have done it.

So little time, so long to wait
A paradise, within your eyes
All the things I could tell you
All the things I could show you.

You're my waking thought
You're the smile on my lips
I dream I see your face
I see and dream of you.

You were safe and warm
I was in your hands
We were moved in time
To another space.

Somewhere, not here
Somewhere, not here
So, little time
So, little time.

You were safe and warm
I was in your hands
We were moved in time
To another space.

A thousand miles away
I'd like to fly to you.

I immerse myself
I dream, I see your face
I see, I dream of you
If you were here we'd watch
If you were here we'd see.

You're my waking thought
You're the smile on my lips.

You were safe and warm
I was in your hands
We were moved in time
To another space.

Somewhere, not here
I know you are somewhere, not here
You're my waking thought
You're the smile on my lips
Are you thinking of me
Do I invade your sleep
A paradise, a paradise
Within your eyes.

I remember when you came
I can just recall that day
Somewhere not here
Somewhere not here
Somewhere.


alpha, somewhere not here, come from heaven

chuva quente

vamos tomar um cafe? quando a vida voltar a falta de controlo. que era antes. quando o sol se puser por detras das pontes. quando o ar voltar a cheirar a jasmim. e as estrelas invadirem o ceu de pirilampos magicos. da me a tua mao. vamos dar um passeio. ate a linha do mundo. onde um precipicio chama. os perdidos de amores. os loucos que veem a vida tal como ela e. e desistem de a mudar. e as fadas dancam. por entre as arvores de cores maravilhosas. vamos

20050205

genio louco


Faça você também Que gênio-louco é você? Uma criação de O Mundo Insano da Abyssinia

20050204

desejos de frutas tropicais

gostava de conseguir. um dia. dizer tudo o que penso sobre as pessoas. os seus pequenos defeitos. e tiques que me irritam. o que admiro. e que caracteristicas mantiveram. de ouvir a opiniao delas sobre mim. saber como os outros pensam. gostava de conhecer bem. mesmo bem. as pessoas que me rodeiam. por dentro e por fora. e deixar de me desapontar. com conhecidos. que considerei amigos. e agora sao simples estranhos.

(..)

achas que assim doi menos?
o choque do desapontamento.