asleep on a sunbean.

ja pensaste. que alguma vez isto pudesse acontecer. que o amor duma vida. depois de acabado. nao trouxesse dor. nem tristeza. e sim. felicidade. porque admitir que acabou. admitir que tudo teve um sentido. e que este desapareceu. traz mais paz. e calma interior. que qualquer tristeza. de coracao partido. que pudessemos estar lado a lado. sem silencios estranhos. nem momentos tristes. de tocar o outro. que depois de tanto tempo. com o outro no coracao. ele tivesse ainda espaco para outra pessoa. que afinal este nao foi o amor duma vida. foi o amor dum sonho. que acabou. como qualquer sonho. e que ao nos trazer de volta a realidade. nos ajuda a ver tudo com outros olhos. a viver de forma diferente. mudando de sonho. e de cor. a nossa bolha. alguma vez. imaginaste. durante as nossas zangas. de ficarmos amuados. cada um para o seu lado. a bater o pe. pudessemos acabar em paz. connosco mesmos. que nos levantassemos da cadeira. e num beijo. dissessemos tudo. o que nunca conseguimos. dizer com o olhar. que admitissemos que tudo acabou. e nos sentissemos grandes. pelo gesto. de nao desistir. mas admitir o final. alguma vez pensaste. como epsno agora. que nao era um momento. mas um inicio. de coisas boas. um agoiro. do que cada um tem para dar. e viver. um prenuncio. do amor. de todos.

mais um passinho. pequenino pequenino. que a embalagem e para durar.

Venham mais cinco
Duma assentada
Que eu pago já
Do branco ou tinto
Se o velho estica
Eu fico por cá
Se tem má pinta
Dá-lhe um apito
E põe-no a andar
De espada à cinta
Já crê que é rei
Dàquém e Dàlém Mar
Não me obriguem
A vir para a rua
Gritar
Que é já tempo
D'embalar a trouxa
E zarpar
A gente ajuda
Havemos de ser mais
Eu bem sei
Mas há quem queira
Deitar abaixo
O que eu levantei
A bucha é dura
Mais dura é a razão
Que a sustem
Só nesta rusga
Não há lugar
Pr'ós filhos da mãe
Não me obriguem
A vir para a rua
Gritar
Que é já tempo
D'embalar a trouxa
E zarpar
Bem me diziam
Bem me avisavam
Como era a lei
Na minha terra
Quem trepa
No coqueiro
É o rei

zeca afonso, venham mais cinco

"já foi a guerra, já foi a conquista e o saque, foi quase sempre a posse do terreno e a usura, hoje, além da guerra, é a cultura."

alberto pimenta, deusas ex machina