no silencio das linguas cansadas

20050328

pode alguem ser quem nao e [cifa- 05]

sinto a falta de todos. em qualquer momento. me doi o nao estarem aqui. tentar explicar como foi. o que senti. torna se uma tarefa impossivel. como explicar aos outros. tudo o que vivemos. o que sentimos. os dias que passamos. como as mais pequenas conversas. voltam a aparecer com um significado gigante. como os jogos. que ja faziamos antes. passaram a ter diferentes importancias. como tudo o que diziamos vinha do fundo. e o medo de dizer a coisa errada. desaparecia. como por na alma de outro alguem que nao esteve la. o sentimento de magia. e saudade. que transportamos agora. como demonstrar. para fora. tudo o que ficou guardado ca dentro. e que. por medo de voar para longe. continuo a guardar. na caixinha dos sonhos. das lembrancas. boas. todas elas. como explicar. a alguem. mesmo que esse alguem saiba o que o mocamfe. mesmo que esse alguem saiba a euforia que se vive. quando estamos todos juntos. o que se passou nesta semana. os amores que nasceram. as paixoes que se esconderam. a empatia. que existiu. desde o inicio. e as saudades. que vieram. com o final da semana. a vontade de estar com todos. e de gritar. aos quatro ventos. tudo o que diziamos. sem pensar. como falar de tudo isto. sem ser com um sorriso na cara. mesmo que triste. mesmo que acreditando que foi apenas o inicio. de algo maior que tudo. maior que as forcas que nos uniram. de tudo o que ainda esta para vir. como vos explicar a voces. que estiveram la. o que sinto agora. a tristeza que me abracou. nos ultimos dias. por vos querer guardar dentro de mim. e nao ser capaz. de vos prender. como vos fazer ver. a falta que sinto. por nao estarem aqui. o silencio que roda. sem os vossos risos. e historias. como vos mostrar. que sinto a falta das duvidas do pedro. que ele punha em perguntas. para nos fazer pensar. e crescer um pouco mais. do riso. e dos aplausos. e das palavaras do ricardo. da energia da ana. e da sua meiguice. ao nos acordar. do olhar da ritinha. e do silencio. que ela nao deixava que se instalasse. da alegria do chico. as maluqueiras. e diarreia mental. a contrastar. com o olhar serio. de quem ouve o que nao dizemos. as certezas da catarina. e as perguntas. que ela fazia por todos nos. a alegria esfuziante da rita. que ela deixava passar para nos. em qualquer momento. da calma do jaime. e a sua presenca constante. os sonhos do vasco. o riso. a alegria de bossa nova. as linhas da ines. que em perguntas. acertavam sempre. como vos demonstrar. o significado de tudo. dentro de mim. como vos quero levar comigo. e aqueles dias magicos. unicos. com as conversas. que se abriam perante os sonhos. e vontades. de cada um. como um todo.como e que vou ser capaz. de voltar as musicas. que marcaram todos os nossos dias. e os temas. das conversas. que nos faziam crescer. a cada folego para falar. como vos mostrar. deixar sair. o buraco que se criou. na minha caixa das lembrancas. so para voces. so para o que vem. de nos.

20050327

olhos de magia

Abololô, AbololôE a saudade vemVem pra lhe dizerQue no peitoHá vazio háFalta de alguémAbololô, AbololôE a saudade vemVem pra qualquerUm qualquer horaPor alguém queFoi pra longe já voltaFoi para não mais voltarGente que sente e que choraAlguém que foi embora


marisa monte, abololo

20050326

velo

Hei-de partir em Setembro
presa ao Outono do cais
hei-de partir em silêncio
agarrada ao fundo do mar
Mas um dia hei-de chegar ou partir
a esse cais há tanto desejado
mas um dia hei-de chegar ou partir
a esse cais há tanto avistado
Hei-de chegar em Setembro
presa ao Outono do cais
hei-de chegar na bruma
agarrada às ondas do sonho

lena morais e vasco granja, cais de setembro

20050322

zanga de beicinho

as discussoes dizem palavras sozinhas. fazem feridas. que magoam. mais por dentro que por fora. trazem pequenos sentimentos que cortam. a pele. que esfolam. e fazem sangrar.as discussoes sao palavras de fazer chorar. que por muita agua que passe. nao se apagam. nem se deixam esquecer. sao pequenas coisas. de que nao gostamos. que guardamos no fundo. escondido. para ninguem ver. para ninguem saber. que de tanto serem escondidas. repisadas. explodem como uma mina. e deixam frgmentos. espetados na pele. na carne. sao momentos. de tristeza. e zanga. que marcam. os dias. os locais. as pessoas. que fazem feridas. em carne viva.

20050318

olhares na marginal

volto daqui a uns dias. umas luas. uns sonhos. volto da terra do nunca. onde tudo acontece. e nada se passa. volto dos meus sorisos de verao. dos corpos quentes. dos abracos sinceros. e sentidos. das conversas. a volta da fogueira. na rodinha. ou sentados em cima dumas pedras. numa ilha perdida. num rio inexistente. volto. quando acabar. quando tiver de ser. diferente. feliz. e contente. volto. com as historias. e as cancoes. com as experiencias. e as saudades. por agora. so tenho e de ir.

20050316

vontades de gravida altruista

um dia. quando for grande vou ser mais responsavel. daquelas pessoas que so precisam de dizer as coisa suma vez. para serem ouvidas. e percebidas. um dia. quando for grande. e deixar de imaginar coisas para alem dos meus movimentos. e ja tiver caido vezes suficentes. para aprender. vou saber como lidar comigo propria. e como me retair. a frente dos outros. sem que se apercebam. um dia. quando for grande. vou saber como lidar com tudo o que me rodeia. duma forma delicada. e calculista. afastando me ligeiramente. mantendo me suspensa por cima dos sentimentos. que magoam. um dia. quando for grande. vou ser mais concentrada. aplicada. vou fazer o que devo. dentro dos prazos. e limites que foram estabelecidos. um dia. quando for grande. nao vou ficar doente. nem com feridas que se fezam de fora. nao vou atrasar me a encontros. compromissos. nem faltar. nao vou ficar de mau humor. se acordar mal. de um sonho bom. nem doente. se nao descancar o suficente. um dia. quando for grande. vou ser mais feliz. no meio de pessoas que me recebem. sem me chegarem a conhecer. sem me poderem magoar. mantendo me numa felicidade. estavel. real. um dia. quando for grande. vou perder a vontade. de ser mais do que aquilo que sou. de dar mais aquilo que posso. vou limitar me a existir. a respirar. e piscar os olhos. quando o vento seca. um dia. quando for grande. penso ja ter tudo para poder um dia. sonhar com o ser feliz.

20050313

gotinha. no canto da boca.

e tao facil esquecermo nos das pessoas. e de um dia para o outro. deixarmos de as conhecer.

20050312

(diante do amor ela arrepiou o coracao: nao tenho asas para tanto paraiso!)

"Acabei minha sessão de canto, estou triste, flor depois das pétalas. Reponho sobre meu corpo suado o vestido de que me tinha libertado. Canto sempre assim, despida. Os homens, se calhar só me vêm ver por causa disso: sempre me dispo quando canto. Estranha-se? Eu pergunto: a gente não se despe para amar? Porquê não ficar nua para outros amores? A canção é só isso: um amor que se consome em caham entre o instante da voz e a eternidade do silêncio.
Outros cantadores, quandoa ctuam em público, se trajam de enfeites e reluzências. Mas, em meu caso, cantar é coisa tão maior que me entrego assim pequenitinha, destamanhada. Dessa maneira, menos que mínima, me torno sombra, desenhável segundo tonalidades da música.
Cantar, dizem, é um afastamento da morte. A voz suspende o passo da morte e, em volta, tudo se torna pegada da vida. Dizem mas, para mim, a voz serve-me para outras finalidade: cantando eu convoco um certo homem. Era um apanhador de pérolas, vasculhador de maresias. Esse homem acendeu a minha vida e ainda hoje eu sigo por iluminação desse sentimento. O amor, agora sei, é a terra e o mar se inundando mutuamente.
Amei esse peroleiro tanto até dele eprder memória. Lembro apenas de quanto estive viva. Minha vida se tornava tão densa que o tempo sofria enfarte, coagulado de felicidade. Só esse homem servia meu litoral, todas vivências que eu tivera eram ondas que nele desmaiavam. Contudo estou fadada apenas para instantes. Nunca provei felicidade que não fosse em taça que, logo após o lábio, se estilhaça. Sempre aspirei ser árvore. Da árvore serei apenas luar, a breve crença de claridade.
Em certo momento, me extraviei de sua presença, perdi o búzio e o mar que ecoava dentro. Ele embarcoupara as ilhas de Bazaruto, destinado a arrancar riquezas das conchas. Apanhador de pérolas, certeiro a capturar, entre as rochas, os brilhos delas. Só falhou me apanhar a mim, rasteirinha que vivi, encrostada entre rochas.
Na despedida, ele me pediu que cantasse. Não houve choradeiras. Lágrima era prova gasta. Vejam-se as aves quando migram. Choram? O que elas não prescidem é do canto.
- E porquê? - perguntou o peroleiro.
O gorjeio, explicou ele, é a âncora que os pássaros lançam para prenderem o tempo, para que as estações vão e regressem como marés.
- Você cante para chamar meu regresso.
Minha vida foi um esperadouro. Estive assim, inclinada como praia, mas desaguado em rio, Índico exilado, mar naufragado. Estive na sombra mas não fiquei sombria. Pelo menos, nas primeiras espera. Valia-me cantar. Espraiei minha voz por mais lugares que tem no mundo.
- Este homem me lançou um bom-olhado?
Demorasse assim sua ausência, a espera não se sujava com desespero. Me socorria a lembrança de seus braços como se fossem a parte do meu próprio corpo que me faltasse resgatar.
Para sempre me ficou esse abraço. Por via desse cingir de corpo a minha vida se mudou. Depois desse abraço trocou-se, no mundo, o fora pelo dentro. Agora, é dentro que tenho pele. Agora meus olhos se abrem apenas para as funduras da alma. Nesse reverso, apoeira da rua me suja é o coração. Vou perdendo noção de mim, vou desbrilhando. E se eu peço que ele regresse é para sua mão peroleira me descobrir ainda cintilosa por dentro. Todo este tempo me madreperolei, me enfeitei de lembrança.
Mas o homem de minha paixão se foi demorando tanto que receio me acontecer como à stra que vai engrossando tanto a casca que morre dentro de sua prórpia prisão. Certamente, ele passará por mim e não me reconhecerá. Minha única salvação será, então, cantar, cantar como ele me pediu. Entoarei a mesma canção da despedida. Para que ele me confirme entre as demaisconchas e se debruce em mim para me levar. Mas, na barraca do mercadom eu canto e não encanto ninguém. Ao inviés, todos se riem de mim, toquinhando o dedo indicador nas respectivas cabeças. Sugerem assim que esteja louca, incapazes que são de me explicar.
Esta noite, como todas as noites antes desta, apanho minhas roupas enquanto escuto os comentários jocosos da assitência. Afinal, a mesma humilhação de todas as exibições anteriores. Desta vez, porém, quela gozação me magoa como ferroada em minha alma.
Nas traseiras do palco, uma mulher me aborda, amiga, admirada do meu estado. Me estende uma folha de papel, pedidno que escrevesse o que sentia. Fico com a caneta gaguejando em meus dedos, incapaz de uma única letra. Pela primeira vez, me dói ser muda, me aleija ter perdido a voz na sucessiva convocação de meu amado. Me castigam não as gargalhadas dos que me fingiam escutar mas um estranho presságio. É então que, das traseiras do escuro, chega um pescador que me faz sinal, em respeitoso chamamento. Sabendo que não falo, ele também pouco fala.
- Lhe trago isto.
Suas mãos se abrem na concha das minhas. Deixa tombar uma pequena luminosidade que rola entre os meus dedos. É uma pérola, luzinhando como gota de uma estrela. Lhe mostro o papel onde rabisquei a angustiosa pergunta:
- Foi quando?
Ele apenas abana a cabeça. Interessava o quando? Aquela era a maneira de o mensageiro me dizer que meu antigo amor se tinha desacontecido, exilado do tempo, emigrado do corpo.
- Enterraram-no?
Mas a interrogação, rabiscada na folha, não cumpre seu destino. Silencioso, o pescador se afunda nas trevas com a educação de ave nocturna. Fico eu, enfrentando sozinha o todo firmamento, monteplicado em pequenas pérolas. E escuto, como se fosse vinda de dentro, a voz desse peroleiro:
- Cante! Cante aquela canção em que eu parti.
E lanço, primeiro sem força, os acordes dessa antiga melodia. E me inespero quando noto que o mensageiro regressa, arrepiado do caminho que tomara. No seu rosto se acendia o espanto de me escutar, como se, em mim, voz e peito se houvessem reencontrado."


mia couto, a cantadeira

20050306

o sol seca as lagrimas. as maos. os labios. o coracao fica pequenino. pequenino.

queria que a agua quente me queimasse a pele. e tirasse o teu cheiro de mim. queria poder apagar as lembrancas. as memorias que guardo. do que me magoa. queria poder bater te. ate a dor que me causas perder o sentido. queria voltar atras. e deixar os espacos vazios. nas nossas conversas sem fim. queria poder mostrar te as marcas de dor. que deixaste me mim. queria nao ficar magoada. e sair indefirente das discussoes. queria nao chorar. e perder a vontade de voltar a tras e pedir desculpa por tudo. o que disse. mesmo sem intencao. de te magoar. queria nao sentir esta tristeza. e raiva. que me da vontade de destruir tudo. e de escrever este post. queria poder mandar te a merda. sem me magoar no processo.

20050303

vontade de dancar. e rodar. no vento.

Heaven, I'm in heaven
And my heart beats so that I can hardly speak
And I seem to find the happiness I seek
When we're out together dancing cheek to cheek

Heaven, I'm in heaven
And the cares that hung around me through the week
Seem to vanish like a gambler's lucky streak
When we're out together dancing (swinging) cheek to cheek

Oh I love to climb a mountain
And reach the highest peak
But it doesn't thrill (boot) me half as much
As dancing cheek to cheek

Oh I love to go out fishing
In a river or a creek
But I don't enjoy it half as much
As dancing cheek to cheek

(come on and) dance with me
I want my arm(s) about you
That (those) charm(s) about you
Will carry me through...

(right up) to heaven, I'm in heaven
And my heart beats so that I can hardly speak
And I seem to find the happiness I seek
When we're out together dancing, out together dancing (swinging)
Out together dancing cheek to cheek

frank sinatra, cheek to cheek