'e isso que queres?'
'nao.'
e com uma palavra. partiu se o meu mundo.
GREEN |
You are a very calm and contemplative person. Others are drawn to your peaceful, nurturing nature.
semaphore -- [adjective]: Like in nature to a kangaroo 'How" will you be defined in the dictionary?' at QuizGalaxy.com |
«Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.»
tudo bem. vai ficar. tudo bem. tou cansada de ouvir as mesmas palavras. deixem me sentir a vontade. deixem me chorar a minha impotencia em paz. deixem me. so.
Vale a pena ver
castelos no mar alto
Vale a pena dar o salto
pra dentro do barco
rumo à maravilha
e pé ante pé desembarcar na ilha
Pássaros com cores que nunca vi
que o arco-íris queria para si
eu vi
o que quis ver afinal
É tão bom uma amizade assim
Ai, faz tão bem saber com quem contar
Eu quero ir ver quem em quer assim
É bom pra mim e é bom pra quem tão bem me que
Vale a pena ver
o mundo aqui do alto
vale a pena dar o salto
Daqui vê-se tudo
às mil maravilhas
na terra as montanhas e o mar as ilhas
Queremos ir à lua mas voltar
convém dar a curva
sem se derrapar
na avenida do luar
sergio godinho, e tao bom, amigos do gaspar
nao gosto. de dormir sozinha. quando chove. quando troveja. tenho medo. do que a luz do trovao. nao esconde.
"-nos temos imensas conversas. sobre a vida. sobre o espaco. sobre a infancia. sobre tudo. ja fiz imensas insinuacoes romanticas. quando e que achas que devo avancar?
de repente. nada mais que de repente. as cores do mundo tomam vida. e deixam um rasto de musica e sorrisos. pelo seu caminho. e sobre os tijolos amarelos. um tom vai tomando predominancia sobre outro. e outro. sobre outro. e o mundo na sua rotacao. constante. vai permitindo que mude. e aconteca. de repente. nada mais que de repente. ao ver. se toca uma pessoa. e o significado das palavras. toma forma sobre o ser. que respira. e anda. e pensa. de repente. nada mais que de repente. tudo muda. tudo acontece. e tudo continua na mesma. numa constante repeticao. de que ninguem se aprecebe. numa danca. de roda unica. e monocordica. de repente. nada mais que de repente. os desejos. transformam se em vontades. os sonhos. realizados. e o peso. que aperta o coracao. e atrasa os movimentos. desaparece. de repente. nada mais que de repente. as fotografias velhas. de lembrancas antigas. sao guardadas numa caixa. de chapeus velha. e arrumadas. numa prateleira alta. para serem so remexidas. num novo lamurio do coracao. de repente. nada mais que de repente. a musica. deixa de ser um som de fundo. e torna se na banda sonora da vida. os sorrisos. passam de timidos. e confusos. a um rir que vem do fundo. de repente. nada mais que de repente. um abraco e uma declaracao. e um beijo uma palavra. de repente. nada mais que de repente. crescemos. mudamos. e deixamos de poder voltar a tras.
somos. fomos. um momento. um impulso. um instante. que passou. como um arrepio. fomos amigos. somos estranhos. por um momento. que mudou o curso dos rios.
descanso. praia. sol. sumos. agua. calma. dormir. nada para fazer. passear. cafezar. ver. ouvir. conversar. brincar. de faz de conta. aprender. por querer. por quem sabe. sorrir. tocar. rir. cantar. sonhar. abracar. voar. crescer.
ha coisas que nao se dizem. que se guardam. escondidas. ca dentro. em nos. no fundo de nos. ha coisas que as outras pessoas fazem. que magoam. os actos. de afecto. mais que as nao palavras. mais que o de nao dizer. ha pessoas que preferem fingir as coisas que aconteceram. ha coisas que e preferivel ficarem fechadas. a sete chaves. no mundo que e nosso. que foi o nosso durante os tempos. que nao voltara a existir. porque tudo o que foge a normalidade magoa. tudo o que nao pode ser enquadrado. e implica uma mudanca nas relacoes. na forma de ver os outros. doi. tudo o que nao pode ser metido. enfiado. no saco da amizade. cria uma confusao demasiado grande para om que seja idada de forma simples. e as conversas vao sendo adiadas. ate que nao valha a pena. dizer que os momentos magicos acontecem. aconteciam. e simplicidade. e uma palavra que ha muito nao uso para descrever as minhas relacoes. ha coisas exteriores. que nos afectam o pensamento. e a forma de agir. ha pessoas. que nos rodeiam. e acham que nos conehcem. e fingem que nos aceitem. sem mudar quem nos somos. tal e qual. que vao deixando a saua marca. a sua influencia. porque somos todos feitos de influencias. e de cores. que nos vao engolindo. ate que a nossa bolha. sem que nos apercebamos. nem sabermos porque. vai mudando a cor. aos poucos. deixando de ter a cor que e nossa. deixando de ser a nosa bolha. aos poucos. transformando se numa bolha de outro. ha coisas que ficam guardadas. no passado dos momentos. escondidas. que nao devem ser trazidas para fora. quando se remexe na caixinha dos sonhos. [as fotos sao para serem guardadas bem fundo esquecidas. entre outras. ate a cor desbota. e nao passarem de lembrancas deturpadas pelo tempo.] ha coisas que o medo guarda. e tapa. e mexe. interpretando o que se passa a sua forma. unica. de fingir que nada e. que nada foi. de fugir a dor. ha coisas guardadas dentro de nos. ha muito tempo. que tudo deturpou. que mudou. s sorrisos. e os olhares. as conversas e os sentires. ha coisas que quando livres para crescerem. se deixam atrofiar. pelos outros. [e por nos.] e mudam. ate ao que nunca foi.