no silencio das linguas cansadas

20041103

uma mesa para dois, se faz favor

bates o pe devagarinho. abanando a mao que segura a cerveja. tentas ouvir a musica. perceber a letra. que ja conheces de cor. desvias os olhos. ate os colares ao ecran por cima da mesa. onde passa um filme qualquer que ja viste mais de 50 vezes. pareces absorvido por aquilo que te e exterior. viemos aqui para conversar. para discutirmos aquilo que temos vindo a evitar a meses. nao me queres ouvir. pessoas que se juntam. uma conversa a serio. sem sentimentalismos baratos. nem caprichos egoistas e idiotas. ja sabes do que vou falar. calculas. a medo. e evitas o assunto. sabes que nao te vou forcar. e uma coisa que acho que tem de fluir. conforme as vontades dos intervenientes. ou nao. nao compreendes o objectivo. mas sabes que tem de acontecer. porque insistes em fugir. fica tudo tao mais complicado assim. bastava ouvires me. e responderes. com o que sentes. esta fuga e um exagero. um medo irracional que tens de que as coisas nao sejam como tu planeias. nunca sao. raramente o foram. mas habituaste te a tentar moldar o mundo conforme as tuas vontades e birras. a moldar os outros. ao que querias e esperavas deles. nao sou capaz. nao aguento mais. ja tomei a minha decisao. quando quiseres. se quiseres. digo te qual foi. nao vale a pena ficar aqui. a fingir que esta tudo bem.