olhos fechados a saborear o vento

tenho um sabor estranho na boca. um sabor estranho e agradavel. que faz com que apeteca mais. a minha boca. sabe me a moscatel. favaios. aquele que me ensinaste a beber. devagar. com alguem de quem se goste. aos cigarros que fumamos. aos que enrolaste para eu experimentar. aos que me pediste quando ja estavas cansado. sabe me a morangos. trincados a medo. com a lingua de fora. a chamar o desejo. e a chantilly. espalhado pela tua barriga. a boca ainda me sabe a ti. aos beijos que me das. que fazem com que as nossas bocas encaixem sempre. maravilhosamente bem. sabe me aos segredos que me contaste. aos gritos. na varanda de casa. e as musicas que me cantaste. baixinho. sem guitarra. de boca fechada. e olhos abertos. sabe me aos beijos que me roubaste. quando nos apeteceram. de olhos fechados. e cara de inocente. ao chupao que me fizeste no escuro. e a lagrima que lambeste. enquanto me escorria pela cara. a boca sabe me a sal. da tua pele. depois dum dia inteiro de praia. e continuas branquinho. com marcas e sinais. sabe me aos abracos que me deste. diferentes de todos os outros. apertados. com sentido. e sentimentos. quentes. e seguros. sabe me aos passeios que fizemos. de noite. pelo escuro. ate ao fim. pelas rochas. para ver as ondas rebentarem. e as estrelas brilharem no meio do nada. sabe me a todas aquelas coisas que combinamos fazer. e que depois esquecemos. e nao fizemos. e so foram lembradas. e lamentadas. mais tarde. quando voltamos a olhar nos nossos olhos. sabe me a tudo o que ficou por fazer. e dizer. e a tudo o que foi feito ate a exastao. e dito e re dito vezes sem conta. a boca sabe me a passado. a campo. e a rio. sabe a presente. a cidade. e a tabaco. a boca sabe me a ti. e a mim. e a todos os beijos que ficaram no ar. com as flores.