no silencio das linguas cansadas

20040918

balada de um estranho

consegues guardar um segredo. uma pequena prenda escondida bem no fundo de tudo. sem luz. nem brilhantes felizes. es capaz. de me ouvir. sem falar. sem perguntar. ouvir. so. tratar me como te trato a ti. com carinho. e cuidado. ver como me sinto. como fico quando tenho alguma coisa para partilhar. do que eu sou. e nao consigo parar a corrente de voz. estar ali ao meu lado. independentemente. importas te. de deixar de ser egoista. e parvo. de descer a terra. e deixar de exigir aos outros aquilo que. na tua loucura irreal. exiges de ti. tanto. demasiado. nao consegues parar. e simplesmente preocupares te. nao ves que ja nao consigo lutar. estou cansada. e triste. a tua mascara e me demasiado importante para desistir de a derrubar. nao sou capaz. nao quero. baixar os bracos. os olhos. assim. desistir. consegues guardar um segredo. um segredo so para ti. uma coisinha que comecou pequenina. com curiosidade. e cresceu. ja nao cabe dentro de mim. guardo para ti um segredo. fechado na palma da mao. e tu nao sabes. que basta abrires a tua. para saberes o que te quero dizer. que tudo vai voar. num suspiro. feito no escuro na tua pele. e se vai desfazer ao contacto com essa indiferenca. que tentas passar como verdade. guardo para ti um segredo. e so to conto quando mudares. sem deixares de ser como es. quando mostrares esse teu eu submerso que tanto evitas encontrar nas esquinas de ti. nao fujas. e vires a cara. nao mudes de assunto. porque isso so me vai fazer continuar. e saber que este e o melhor caminho. fala comigo. como eu quero poder falar contigo. deixa me abrir a mao. abre me a tua. e faz me soprar te este meu segredo adivinhado. como asas de borboletas sobre a boca.